Fonte: Estadão Conteúdo
A única vacina contra dengue
disponível no Brasil, produzida pela Sanofi Pasteur, não é mais recomendada
para as pessoas que nunca foram infectadas pela doença. O alerta foi emitido
nesta quarta-feira, 29, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
que recebeu nesta semana dados preliminares de estudo conduzido pela própria
Sanofi. A pesquisa indicou aumento do risco de desenvolvimento da forma grave
da doença entre aqueles que nunca contraíram o vírus.
No comunicado, a Anvisa
esclareceu que a vacina em si não desencadeia a dengue nem a forma grave da
doença. O risco de casos graves estaria restrito, segundo o trabalho, a quem nunca
teve contato com o vírus.
A Anvisa destacou que os dados
precisam de confirmação. Mesmo assim, por precaução, a bula da vacina deverá
ser atualizada. Já o próprio laboratório admite que a vacina deixará de ser
recomendada a quem nunca teve dengue. "Não é uma contraindicação porque os
riscos são baixos, mas deixamos de recomendá-la para quem nunca teve contato
com o vírus porque os estudos mostraram que não compensa para esse
público", disse Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur.
Ainda é investigado o motivo
da reação adversa. Para quem já tomou a vacina, a recomendação é de buscar logo
o médico, caso haja sintomas da doença.
Aprovada no País em 2015, a
vacina é indicada para a proteção contra os 4 tipos de vírus da dengue e
aplicada em três doses. Na época do lançamento, a informação era a de que
proporcionaria eficácia global de 65%. Isso significa que, mesmo após
imunização, havia risco de 35% de uma pessoa contrair a doença se exposta ao
vírus. O desempenho da vacina, porém, variava conforme o subtipo do vírus.
A vacina está disponível nas
clínicas particulares. Ela não é adotada no Programa Nacional de Imunização. O
governo do Paraná, porém, comprou por iniciativa própria cerca de 700 mil doses
para áreas de maior risco. Dos 399 municípios do Estado, 30 receberam a vacina.
Mesmo após o alerta da Anvisa, o Estado vai manter a estratégia - 300 mil foram
imunizados entre 2016 e 2017.
Os estudos conduzidos pela
Sanofi mostram que o aumento de risco se traduz em 5 casos de hospitalização em
cada mil pessoas que nunca haviam tido contato com o vírus e foram vacinadas e
2 casos de dengue severa em cada mil vacinados sem contato prévio com o vírus.
A Anvisa diz que, para quem já
teve contato com o vírus, "o benefício da vacina permanece
favorável". Antes da obtenção do registro, o imunizante havia sido testado
em cerca de 40 mil pessoas. Naquela etapa, não foi achado risco na população em
geral.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.