Mário
Bittencourt/Correio 24h
Depois de um 2016 marcado por perdas significativas na
lavoura, devido à seca causada pelo fenômeno climático El Niño, a Bahia
apresentou em 2017 crescimento de 42,6% na produção de grãos em relação ao ano
anterior. O aumento da produção, revelado em estimativas divulgadas ontem pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se deu principalmente
em razão das chuvas que caíram, sobretudo, na região Oeste do estado.
A estimativa de 2017, atualizada em dezembro, para a safra
baiana de cereais, leguminosas e oleaginosas (grãos), totalizou 8.078.077
toneladas – em 2016, a produção foi de 5.665.096 toneladas. Com esse resultado,
a Bahia foi responsável por 44,7% de toda a produção de grãos da Região
Nordeste em 2017. Outras regiões do estado, contudo, continuam sendo afetadas
pela seca.
As estimativas de 2017 indicam recuperação: na safra de
2014, a Bahia produziu 7,409 milhões de toneladas, número que caiu para 5,938
milhões de toneladas em 2015, de acordo com a Secretaria de Agricultura
(Seagri).
Dos 34 produtos investigados pelo IBGE na Bahia, 13 tiveram
safra maior em 2017: cereais, leguminosas e oleaginosas, feijão, milho, café
conilon, soja, sorgo, arroz, milho, amendoim, mandioca, cebola, abacaxi e
coco-da-baía. No Oeste da Bahia, as cidades mais produtoras são Barreiras, Luis
Eduardo Magalhães, São Desidério e Formosa do Rio Preto.
Na região também há plantação de café arábica e conilon.
Enquanto a produção do tipo arábica teve queda de 22,6% em 2017, por conta da
estiagem dos últimos cinco anos, a colheita do conilon vem se recuperando após
o bom volume de chuvas no ano passado. Segundo a Associação de Produtores de Café
da Bahia (Assocafé), as lavouras do Extremo Sul devem produzir mais de 2
milhões de sacas em 2018.
Na
liderança
As produções que mais cresceram no estado, segundo o IBGE,
são as de feijão 2ª safra (233,83%); milho 2ª safra (150,98%) e café conilon
(144,68%). Estima-se que cerca de 90% dos grãos produzidos pela Bahia em 2017
sejam oriundos do Oeste, o que equivale a 7,27 milhões de toneladas. A região
produz a totalidade da soja baiana, quase 97% do algodão e 70% do milho.
Segundo o Ministério da Agricultura, de janeiro a outubro, o complexo da soja
(grão, farelo e óleo) da Bahia exportou 3,6 milhões de toneladas a 1,3 bilhão
de dólares. Em 2016, as exportações foram de 2,4 milhões de toneladas. Neste
ano, os produtores do grão pretendem ampliar a área produtiva em cerca de 5% –
de 1,580 milhão de hectares para 1,6 milhão.
De acordo com analistas, a principal razão para o
crescimento é o aumento do índice de chuvas no Oeste, que faz parte da maior
fronteira agrícola do Brasil, o Matopiba, composto pelos estados do Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia. O assessor de agronegócios da Associação de
Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Stalke, explica que a
distribuição das chuvas foi melhor. “A diferença de chuvas nem foi tão grande
entre 2016 e 2017: de 900 milímetros para pouco mais de mil. Mas, em 2017, elas
foram bem mais distribuídas”, disse.
“Chuva era o que faltava para termos esse crescimento. Os
produtores da região já possuem o domínio da produção, usam tecnologias de
ponta. Nós vínhamos de uns cinco anos ruins, sem chuvas, que além de poucas
eram mal distribuídas”.
Queda
na inflação
O IBGE estimou que a área colhida em 2017 foi de 3.050.718
hectares, mantendo-se em crescimento de 12,1% em relação a 2016, quando havia
2.721.273 hectares de área plantada. Em relação a 2016 (42,6%), o crescimento
previsto para a safra 2017 de grãos na Bahia se consolida acima da média
nacional, que em dezembro totalizou 240,6 milhões de toneladas, 29,5% maior que
em 2016: de 185,8 milhões de toneladas.
A área a ser colhida em 2017 (61,2 milhões de hectares)
cresceu 7,2% frente a 2016 (57,1 milhões de hectares). “O aumento da produção
este ano foi uma das razões para a queda da inflação com o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) fechando o ano em 2,9%, abaixo do piso da meta fixada
pelo governo federal, de 3%”, disse André Urpia, supervisor do setor de
Disseminação de Informações do IBGE na Bahia.
A Bahia terminou 2017 como o oitavo estado produtor de
grãos do país, responsável por 3,4% da safra nacional. Para 2018, a previsão da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma redução de 2,1% na
colheita total de grãos na Bahia, devendo a safra fechar em 7,9 milhões de
toneladas.