Sérgio
Luz, de Agência O Globo
Quando a Bélgica levou dois gols do Japão no início do
segundo tempo, memes e piadas inundaram rapidamente a internet provocando a
chamada "ótima geração belga". Mas, provando sua qualidade e
demonstrando versatilidade, a seleção europeia conseguiu superar os erros
crassos de sua defesa e virar o jogo para 3 a 2 nos acréscimos da partida, após
contra-ataque fulminante que culminou no gol salvador de Chadli. Nas quartas de
final, na sexta-feira, a Bélgica enfrenta o Brasil.
Depois de poupar quase todos os titulares contra a
Inglaterra, o técnico espanhol Roberto Martínez armou a Bélgica em seu já
característico 3-4-3 ofensivo, com De Bruyne e Witsel como volantes que saem
para o jogo e uma linha de três de ataque poderosa, formada por Hazard, Lukaku
e Mertens. Na zaga, o experiente Kompany voltou ao onze inicial, totalmente
recuperado de lesão.
Do lado oposto, Akira Nishino realizou seis mudanças em
relação ao Japão misto que perdeu por 1 a 0 para a Polônia, com destaque para a
volta dos dois principais meio-campistas da equipe nipônica, Kagawa, do
Borussia Dortmund, e Inui, que atua pelo Real Betis.
Organizada e taticamente aplicada, a seleção japonesa
conseguiu conter qualquer avanço belga nos primeiros 15 minutos, chegando a se
defender com uma linha de seis, com os volantes Shibasaki e Hasebe recuando
para apoiar os zagueiros e laterais.
Pouco a pouco, contudo, a Bélgica passou a trocar passes e
ensaiar ataques mais contundentes. Como era difícil penetrar, os europeus
alternavam estratégias: triangulações rápidas em alguns momentos, cruzamentos
para Lukaku em outros e até chutes de fora da área.
Apenas no finalzinho do primeiro tempo o Japão tentou
atacar. Aos 44 minutos, Osako tentou dominar na área e não conseguiu. A bola
foi rasteira, devagar, e passou por baixo das pernas de Courtois, que quase
levou um frango homérico.
No comecinho do segundo tempo, aos três minutos, uma falha
individual castigou a Bélgica. Em contra-ataque japonês, Vertonghen deixou
passar uma bola que estava à feição para o dominío. Atento, Haraguchi
aproveitou, chutou cruzado e fez 1 a 0 para o Japão.
Imediatamente, a equipe europeia tentou revidar, com um
belo chute na trave de Hazard. Mas o belo chute que entrou foi o de Inui, que
recebeu na entrada da área e bateu colocado, de chapa, para vencer Courtois e
marcar 2 a 0.
Com calma, os belgas acordaram do baque e partiram para
cima. De cabeça, Lukaku quase diminuiu. Na sequência, o atacante foi parado por
Yoshida, que fazia partida impecável. O gol belga só veio após uma lambança
japonesa. Depois de uma série de bolas espirradas, Vertonghen cabeceou buscando
o passe, mas, sem querer, encobriu o goleiro Kawashima, que estava mal
posicionado.
Foi então que a mão de Martínez mexeu com o jogo, quando o
grandalhão e contestado volante Fellaini, de 1,94m, que havia entrado há pouco
em campo, substituindo o atacante Mertens, subiu ao terceiro andar para dar
cabeçada e deixar tudo igual em 2 a 2.
E a virada saiu dos pés de Chadli, que também entrou na
segunda etapa, na vaga de Carrasco. Após escanteio do Japão, Courtois tocou
para De Bruyne, que avançou e deu passe primoroso para Meunier. O meia rolou
rasteiro, Lukaku deu um corta-luz brilhante e Chadli completou para o gol,
sacramentando a vitória belga, aos 48 minutos do segundo tempo.
Nas oitavas de final, Bélgica enfrenta o Brasil, no maior
teste de ambas as equipes nesta Copa do Mundo. Certeza de partida franca e
técnica para quem gosta de futebol bem jogado. E também de muitas emoções, caso
a zaga belga siga dando tantos espaços.