Agência O
Globo
A Justiça
do Rio condenou Renato Peixoto Leal Filho a sete anos de prisão por contaminar,
propositalmente, mulheres com o vírus HIV. Morador da Barra da Tijuca, na Zona
Oeste do Rio, e soropositivo, ele foi acusado por duas vítimas de manter
relações sexuais sem preservativo com ambas com o objetivo de transmitir o
vírus.
Segundo a
sentença, assinada pela juíza Lúcia Regina Esteves de Magalhães, da 19ª Vara
Criminal, “não restam dúvidas quanto ao dolo do acusado em manter relações
sexuais com as vítimas, a fim de lhes transmitir enfermidade incurável, sendo
certo que o elemento subjetivo pode ser constatado através do modus operandi
utilizado, o qual consistia em conhecer as vítimas através de sites de
relacionamentos, seduzir as mesmas por meio de falsa promessa de um
relacionamento estável e as atrair ao seu apartamento, onde as surpreendia,
abordando-as rispidamente, com elas mantendo relações sexuais de forma
extremamente violenta, que incluía a prática de sexo anal, prática que facilita
em muito o contágio do vírus, não as informando ser soropositivo”.
Entre as
provas colhidas pela investigação da 16ª DP (Barra da Tijuca), que culminou na
condenação, há vídeos de Renato praticando sexo com as vítimas sem preservativo
e depoimentos de diversas testemunhas que relatam ter mantido relações sexuais
com Renato sem serem informadas de que ele era soropositivo. Ele está atrás das
grades desde julho do ano passado, quando a Justiça determinou sua prisão
preventiva.
Investigação
As
investigações tiveram início no fim de agosto de 2015, quando uma das vítimas
procurou a polícia para denunciar Peixoto. Já na 16ª DP (Barra da Tijuca), que
assumiu o caso, uma segunda mulher foi ouvida e fez um relato parecido. Segundo
elas, o réu abordava moças pelas redes sociais e as convencia a sair.
Posteriormente, sem informar sobre a doença, insistia para fazer sexo sem o uso
de preservativo.
Meses
antes de o registro de ocorrência ser feito, uma jovem de 23 anos que morou com
Peixoto começou a procurar outras mulheres que teriam se envolvido com ele, com
o intuito de alertá-las. Duas delas também conversaram com o EXTRA e
confirmaram ter mantido relações sexuais com o suspeito, sem preservativo e sem
saber de sua condição. Nenhuma das três, porém, chegou a ser contaminada pelo
HIV (veja logo abaixo o depoimento em vídeo de uma delas). Elas também reuniram
áudios com ameaças feitas por Peixoto e vídeos, também enviados às supostas
vítimas e entregues à polícia, em que ele aparece transando sem camisinha com
várias mulheres.
— O
contágio, nesse caso, é secundário. São pessoas expostas a um risco grave —
explicou o delegado Marcus Vinicius Braga, titular da 16ª DP.
Empresário
negou acusações em entrevista
Após a
divulgação do caso, Peixoto conversou com o EXTRA para contar sua versão dos
fatos. Ele admitiu ser soropositivo e ter transmitido a doença para duas
ex-companheiras, mas negou as acusações feitas na delegacia por duas supostas
vítimas, que relataram uma insistência de Renato para manter relações sexuais
sem o uso de preservativo e sem nenhum tipo de aviso sobre sua condição de
saúde.
— Eu
nunca fiz isso (transar sem comunicar ser portador do HIV). E ninguém veio pra
mim, falar comigo, que foi contaminada — garantiu.
Renato
creditou as acusações a uma vingança de uma ex-namorada, a jovem que procurou
outras mulheres para denunciá-lo.