O cantor Gabriel Diniz
morreu em um acidente aéreo no mês passado e imagens do suposto corpo do
artista foram compartilhadas avidamente em sites e redes sociais. O mesmo
aconteceu com outros famosos, como Domingos Montagner, Ricardo Boechat e
Cristiano Araújo.
O que muitas dessas
pessoas não sabem é que, ao fazerem isso, estão cometendo crime de vilipêndio
de cadáver, previsto no Código Penal Brasileiro e punível com pagamento de
multa e até três anos de reclusão. De acordo com o advogado e assessor jurídico
do Grupo Vila, Artur Marques, a pessoa pode ser responsabilizada judicialmente
pelo ato mesmo que tenha feito a divulgação das imagens sem a intenção de
desrespeitar a memória do falecido. “A divulgação pode ter sido feita por mera
inocência ou a pedido de um amigo. Mesmo assim, isso não prejudica a
indenização por danos morais que é feita na esfera cível”, explica o advogado.
Isso porque, os familiares ou pessoas que tenham se sentido ofendidos com a
divulgação das cenas podem acionar os responsáveis, via advogado, defensor
público ou Ministério Público, para que o ele responda criminalmente.
O que motiva as pessoas
a compartilharem imagens de famosos falecidos
“A vida digital
empoderou as pessoas e deu a todos a possibilidade de ser um ‘provedor de
informações’ em grupos e redes sociais”, afirma a gerente de marketing Eliza
Fonseca. “Essa ânsia pela divulgação, no entanto, acaba deixando a
responsabilidade sobre o que é repassado em segundo plano.
Se aquele conteúdo é
de fato verídico ou se agride outras pessoas”, completa Eliza. Para a
psicóloga Mariana Simonetti, especialista em luto, a divulgação desse tipo de
imagem passa mais pela vontade de ganhar visibilidade na internet e pela
curiosidade do que por uma questão de desordem emocional. “Da mesma forma que
se buscam informações sobre a vida desse famoso, também se buscam informações
sobre a morte dele”, afirma a psicóloga. “É como se as pessoas criassem um vínculo
com aquele famoso, mesmo que eles nunca tenham se conhecido”, completa Mariana,
do Morada da Paz. “A morte é um tema tabu e tudo relacionado a ela é
considerado tabu também, e as pessoas têm a necessidade de se aproximar desse
tema, que não é muito falado e passa pelo proibido”, afirma a psicóloga.
Eliza
Fonseca acredita que é preciso conscientizar as pessoas sobre a
responsabilidade de cada um ao se compartilhar qualquer informação, sendo
importante estar atento a se a fonte é real e se o conteúdo gera algum tipo de
desrespeito.
TV Jornal/UOL