A estudante
baiana que criou uma tecnologia para filtrar água por meio da luz solar ganhou
um prêmio internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), graças ao
projeto.
A informação
foi divulgada no site da instituição na terça-feira (17). O Prêmio Jovens
Campeões da Terra é voltado para jovens empreendedores com ideias inovadoras
para o futuro do planeta.
Anna Luísa
Beserra tem 21 anos e ficou entre 35 finalistas globais e concorreu na
categoria América Latina e Caribe com outros 4 jovens. É a primeira vez que uma
brasileira recebe o prêmio.
A premiação
será realizada durante uma cerimônia na 74ª Sessão da Assembleia Geral da ONU,
no dia 26 de setembro, em Nova York.
Em abril, o
projeto ganhou um outro prêmio que reuniu 400 startups de
tecnologia nos Estados Unidos. O prêmio foi R$ 25 mil.
Aqualuz
O nome do
projeto é "Aqualuz". Anna Luísa, que é formada em Biotecnologia pela
Universidade Federal da Bahia (Ufba), teve a ideia quando tinha 15 anos e ainda
estava no ensino médio. Ela contou com apoio de outros três estudantes para
desenvolver a startup.
São
eles: Letícia Nunes Bezerra, aluna do Curso de Engenharia Ambiental da
Universidade Federal do Ceará (UFC); Marcela Sepreny, graduanda em Engenharia
Química no Centro Universitário Senai Cimatec (BA), Lucas Ayres, profissional
formado em Ciência da Computação pela Ufba, responsável pelo design e marketing
do Aqualuz.
O
sistema do grupo usa radiação solar para tornar a água contaminada própria para
consumo em regiões castigadas pela seca de forma sustentável.
Trata-se
de uma caixa de inox que é coberta por um vidro e uma tubulação simples ligada
à cisterna, um reservatório comumente usado para armazenar água da chuva ou de
caminhão-pipa. A filtragem da água ocorre sem a necessidade de uso de compostos
químicos. Como consequência, ajuda na redução dos índices de doenças.
Cada ciclo de filtragem dura, em média, 4 horas. O
dispositivo, que filtra até 28 litros de água por dia, dura cerca de 15 anos e
precisa apenas de limpeza com água e sabão, troca do filtro natural (com o
estoque de refil já fornecido), sem precisar de manutenção externa ou energia
elétrica.
Testes
preliminares feitos em laboratório certificado, que usaram parâmetros do
Ministério da Saúde, revelaram que o "Aqualuz" reduziu em 99,9% a
presença de bactérias de referência.
Atualmente, o
"Aqualuz" já distribui água potável para 265 pessoas, na Bahia,
Pernambuco, Ceará e Alagoas, e o objetivo é alcançar mais 700 ainda este ano.
A filtragem
A filtragem
ocorre por etapas. São elas:
1. Primeiro, a água é bombeada da cisterna até a caixa, por meio de um
encanamento, passando por um filtro ecológico que é feito de sisal;
2. O filtro ecológico retém partículas sólidas;
3. Depois, já com a água armazenada na caixa de inox, ocorre a desinfecção,
em que o líquido é exposto à radiação solar para eliminação dos
micro-organismos patogênicos. A alta temperatura na caixa ajuda a eliminar
impurezas.
4.
Por fim, um dispositivo acoplado à caixa muda de
cor e alerta quando a água pode ser retirada da caixa, já pronta para o
consumo, por meio de uma torneira.
G1/BA