O presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, indicou nesta terça-feira (9) que uma nova rodada
de estímulo emergencial por parte do governo sem "contraparte", ou
seja, sem uma compensação com um corte de gastos ou alta de tributos, pode resultar
em alta da taxa básica de juros, a Selic, atualmente na mínima histórica de 2%
ao ano.
Pago durante o ano passado a
trabalhadores informais afetados pela pandemia, o auxílio emergencial foi
suspenso em dezembro. Entretanto, com a manutenção dos efeitos da pandemia
sobre a economia e lentidão da vacinação contra a Covid-19 no país, o governo já
discute a retomada do benefício.
Segundo cálculos do
coordenador da Cátedra Ruth Cardoso no Insper, Naercio Menezes Filho, o fim do
auxílio emergencial já levou 2 milhões de brasileiros para a pobreza apenas em
janeiro.
Na segunda-feira (8), o
presidente Jair Bolsonaro disse estar "negociando" o tema com
ministros, e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, afirmou ver
"expectativa positiva" de um anúncio ainda nesta semana.
Já o ministro da Economia,
Paulo Guedes, declarou, na semana passada, que o auxílio emergencial pode
voltar a ser pago para cerca de 32 milhões de pessoas, metade dos beneficiários
de 2020.
Os gastos com a pandemia
levaram a um aumento de 17,9% na dívida pública federal no ano passado, o maior
da série histórica, e o total da dívida chegou a R$ 5,009 trilhões. O pagamento
de novas parcelas do auxílio, se confirmadas, deve fazer com esse montante
cresça ainda mais em 2021 e gerar dúvidas entre investidores sobre a capacidade
do governo de honrar seus pagamentos.
"Se fizer mais um
pacote fiscal sem nenhuma contraparte, a mensagem que será passada é que a
trajetória da dívida vai continuar a subir e o prêmio de risco que os
investidores vão pedir para manter a dívida brasileira pode ter um efeito, uma
implicação de qual tipo de política que o Banco Central pode adotar",
disse ele, durante videoconferência direcionada a investidores internacionais.
Por
Alexandro Martello, G1 — Brasília