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Vacinas contra Covid-19 são seguras para crianças?

 

Foto: Reprodução

Maja, de 10 anos, não tem dúvida: as crianças deveriam também ser vacinadas contra o novo coronavírus. Ela disse que ficou feliz por estar entre as primeiras crianças no mundo a receber uma vacina contra a Covid-19 da Pfizer-BioNTech.

 

“A primeira coisa que vou fazer é ter uma grande festa do pijama ou algo assim com todos os meus amigos”, contou.

 

 Maja fez parte de um estudo baseado nos EUA que pode facilitar o caminho para as autoridades do país aprovarem a vacina de mRNA da Pfizer-BioNTech para crianças entre 5 e 11 anos. 

 

Na terça-feira (26/10), um comitê consultivo da Food and Drug Administration (FDA), responsável pela aprovação de vacinas e medicamentos nos EUA, discutiu as conclusões do estudo e votou por unanimidade que os benefícios da vacina parecem superar quaisquer riscos potenciais nessa faixa etária.

 

O esperado é que, em seguida o FDA formalize a o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, a referende, para que a vacinação seja iniciada por lá.

 

Estudo mostra boa eficácia

Os pesquisadores testaram a vacina em 2.268 crianças com idades entre 5 e 11 anos, e aproximadamente o mesmo número de crianças recebeu um placebo.

 

Após o estudo, os desenvolvedores disseram estar confiantes de que sua vacina era segura e eficaz para crianças daquela faixa etária com a redução da dose. Crianças menores de 11 anos receberam cerca de um terço da dose que os adultos recebem. Até o momento, a vacina foi aprovada apenas para crianças a partir de 12 anos.

 

 A Pfizer/BioNTech quer a aprovação nos EUA e na União Europeia. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) indicou que tomará uma decisão nos próximos meses. A empresa pretende fazer o pedido de autorização à Anvisa no mês que vem.

 

Outros desenvolvedores e fabricantes de vacinas, como AstraZeneca, Novavax e Johnson&Johnson, também estão trabalhando em imunizantes para crianças.

 

Crianças devem se vacinar ou aguardar?

“Sou absolutamente a favor da vacinação de crianças com menos de 12 anos”, disse Kawsar Talaat, em entrevista à DW. Talaat é professora associada de Saúde Internacional na Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos EUA.

 

“A única maneira de nos livrarmos desta pandemia é vacinar o maior número possível de pessoas e isso vale para todas as idades”, afirmou Talaat.

 

Jakob Armann, um pediatra na Alemanha, entretanto, é mais reservado. Em entrevista à DW, Armann contou que crianças com comorbidades deveriam ser vacinadas, “por exemplo, crianças portadoras da Síndrome de Down“. Segundo especialistas, as pessoas com Síndrome de Down têm tendência a ter um sistema imunológico mais frágil e estão mais suscetíveis às infecções, por exemplo, respiratórias.

 

Mas Armann disse que esperaria para aplicar o imunizante em uma criança saudável. “Eu esperaria até que tivéssemos mais dados e tivéssemos a chance de ver efeitos colaterais raros, como a miocardite. E depois faria uma análise sobre quem se beneficia da vacina e quem não”, frisou.

 

Armann destacou que o estudo da Pfizer/BioNTech envolveu poucas pessoas para que as comunidades pudessem iniciar programas de vacinação em massa com confiança.

 

Ele afirmou, por exemplo, que há sinais de que alguns rapazes e meninos contraem miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco, após receberem imunizantes contra a Covid-19. Os casos tendem a ser leves e raros – mas, especificamente por esse motivo, disse Armann, um estudo com pouco mais de 2.200 crianças é uma amostra muito pequena.

 

O sistema imunológico das crianças se ativa rapidamente

Há outro motivo pelo qual alguns especialistas aconselham a agir com cautela: apenas algumas crianças infectadas com Covid-19 apresentam casos graves. Muitas vezes, a infecção se assemelha a um leve resfriado.

 

O sistema imunológico humano usa receptores que reconhecem padrões – como a forma de um vírus – para defender o corpo contra um ataque viral, contou Roland Eils, em entrevista à DW. Mas esses receptores precisam ser ativados.

 

“Uma vez ativados, eles desencadeiam a produção de interferon, que é a principal linha de defesa contra qualquer infecção viral”, disse Eils, que chefia o departamento de saúde digital do Hospital Charité, em Berlim.

 

“E descobrimos que o sistema imunológico das crianças era [muito bom em ativar] esses receptores em comparação com os adultos”, acrescentou.

 

Escolas como superdisseminadores de Covid-19

Eils não é contra a vacinação de crianças porque, mesmo que as infecções tendam a ser leves, elas ainda podem transmitir o vírus para outras pessoas.

 

Na Alemanha, o ano passado mostrou algumas evidências disso. Mesmo quando e onde a taxa de incidência geral aumentou de forma relativamente lenta, as escolas, às vezes, se tornaram locais de superdisseminação.

 

Se houver dezenas de crianças não vacinadas sentadas umas perto das outras, é possível que ocorram taxas de incidência mais elevadas. Algumas comunidades alemãs têm visto taxas de incidência semanal de 500 por 100 mil habitantes, o que é uma taxa bastante alta.

 

Talaat diz que a vacinação de crianças contribuirá para a imunidade coletiva. Essa é uma meta global – e a principal maneira pela qual podemos eventualmente superar a pandemia.

 

Além disso, Talaat frisou que os efeitos da Covid-19 afetam a vida das crianças em termos de lockdowns, quarentenas, escolas fechadas, incapacidade de realizar suas atividades normais e assim por diante. “A melhor maneira de fazer suas vidas voltarem ao normal é vaciná-las”, acrescentou.

 

Essa seria uma forma de o sonho de Maja, de 10 anos, se tornar realidade e receber todos os seus amigos para uma enorme festa do pijama.

 

Por Metrópoles

 

 

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