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Projeto social custeia aborto seguro e legal para brasileiras em países da América Latina

 

Em 14 de maio, a diarista Giovanna Marques (nome fictício), de 25 anos, embarcava em um ônibus na cidade de Vitória, no Rio Grande do Sul, com nove semanas de gravidez. Depois de passar a noite em Uruguaiana, ela atravessou a fronteira e pegou outro ônibus em Paso de Los Libres, na Argentina, até chegar em Rosário em 16 de maio.

Seis dias após o início do trajeto, quando retornou para casa, a sensação era de alívio. Ela havia acabado de passar por uma interrupção voluntária da gravidez, que é legalizada na Argentina desde o final de 2020.

Para chegar até lá, não pagou nada. As passagens, a hospedagem e o custo do procedimento ficaram a cargo do Milhas Pela Vida das Mulheres, um projeto de ativistas que leva brasileiras até o aborto seguro e legal em países da América Latina.

Apenas alguns dias antes, Giovanna enviara uma mensagem para o projeto, pedindo socorro:

"Tenho três filhas que amo mais do que tudo. Estava para começar a fazer os exames para a laqueadura, mas aconteceu a gravidez. Fiz um exame transvaginal e tenho hematomas no útero e placenta baixa. Estou com medo de acontecer alguma coisa comigo e ter de deixar minhas filhas aqui. Preciso muito de ajuda", contou através de um aplicativo de mensagens para Juliana Reis, diretora da Milhas.

A primeira gestação de Giovanna aconteceu aos 14 anos, depois de uma violência sexual. Mesmo tendo direito ao aborto legal no Brasil, ela não foi encaminhada pelos serviços de saúde para realizar o procedimento.

Quando sua terceira filha nasceu, há três anos, a médica disse que Giovanna não poderia engravidar novamente, porque correria risco de vida. Então, ao saber da gestação agora, em 2022, o desespero falou mais alto, e ela encontrou o Milhas na internet.

— Quando descobri a gravidez, foi bem assustador. Aconteceu em um dia quando o preservativo rompeu, mas eu tomava a pílula anticoncepcional. O Milhas me disse que eu poderia acessar o aborto judicialmente por conta dos riscos [de saúde], mas demoraria — explicou ao GLOBO.

Jornal Extra 

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