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Juros do cartão de crédito voltaram a subir em fevereiro, informa BC

Foto: Arquivo Agência Brasil


Geralda Doca, da Agência O Globo

Os juros médios cobrados no cartão de crédito rotativo voltaram a subir em fevereiro e atingiram 333,9% ao ano (13% ao mês). Em relação ao mês anterior, a alta foi de 5,9 pontos percentuais (pp) - segundo relatório divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira. O custo da modalidade subiu tanto para quem quitou o mínimo da fatura, quanto para quem ficou inadimplente. Neste caso, a alta foi de 10,1 pp, alçando a 397,5% ao ano (14,3% ao mês).

Nos últimos 12 meses, no entanto, o percentual baixou 153,9 pontos percentuais.

Na tentativa de reduzir os juros do cartão de crédito, o governo mudou em abril do ano passado a regra de pagamento dessa modalidade. Se o consumidor ficar por mais de 30 dias no rotativo, as instituições financeiras devem oferecer uma linha mais barata para financiar a dívida, com juros menores.

No entanto, mesmo quem optou por essa alternativa continuou pagando juros elevados. A taxa do cartão parcelado atingiu 174,3% ao ano (8,8% ao mês) - a mais alta da série do BC, iniciada em março de 2011. Entre janeiro e fevereiro, o percentual subiu 6,5 pp e em 12 meses, 10,8 pp.

Já a taxa do cheque especial caiu ligeiramente em fevereiro e ficou em 324,1% ao ano (queda de 0,6 pp). No primeiro bimestre de 2018, no entanto, o custo da modalidade subiu 1,1 ponto percentual. Em 12 meses, houve recuo de 2,9 pp.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, os juros do cartão de crédito e do cheque especial subiram porque porque os consumidores voltaram a depender dessas modalidades, que são as mais caras, em janeiro e fevereiro. Ele lembrou que os saldos dessas operações caíram em dezembro porque as pessoas receberam o 13º e usaram o dinheiro para pagar as dívidas. Rocha disse ainda que alta na taxa do cartão foi puxada por algumas instituições não financeiras "entrantes" no mercado, sem dar detalhes.

Ele mencionou que os consumidores que parcelam as dívidas do cartão pagam juros ainda elevados porque estavam em uma situação de inadimplentes e por isso, são considerados de risco mais elevado. A orientação para o consumidor é evitar usar o cartão.
— Os juros do cartão de crédito são altos e a orientação é, em termos de educação financeira, é que o consumidor deve evitar. Só usar em casos de emergência porque é uma coisa difícil de prever — afirmou Rocha.

Apesar da queda na taxa de juros básica da economia (Selic), os juros cobrados dos consumidores continuam em alta. Em fevereiro, a taxa média cobrada das pessoas físicas atingiu 57,7% ao ano - alta de 1,9 pp em relação a janeiro e de 2,6 pp no primeiro bimestre do ano, na comparação com igual período de 2017.

Para as empresas, a taxa caiu 0,1 pp para 22,2%, mas no ano, houve elevação de 0,6 pp. Em fevereiro, o spread (diferença entre o custo de captação dos bancos e o valor cobrado na pontos dos consumidores) subiu 1,2 pp - para 34,1%. No ano, a alta foi de 2,3 pp.

Inadimplência

A taxa de inadimplência, no entanto, se manteve estável em 3,4%, considerando todo o volume de recursos do sistema financeiro. No caso de pessoas físicas, o percentual baixou 0,1 pp entre janeiro e fevereiro, ficando em 5,1%.

Ao divulgar os dados relativos às condições do crédito em fevereiro, o BC elevou a projeção para a expansão do volume de empréstimos totais na economia de 3% (estimada em dezembro) para 3,5% em 2018. A revisão foi motivada pelo desempenho das operações com recursos livres (que os bancos podem emprestar livremente) - que devem subir 6% neste ano, contra uma previsão anterior de 4% - em função do crescimento da atividade economia.

Já o crédito direcionado deve permanecer estável (com alta de 1%, mesma previsão do fim do ano passado). Ele deve cair para as empresas por causa da redução dos empréstimos do BNDES.No caso de pessoas físicas, no entanto, a previsão é de alta, sobretudo nos financiamentos habitacionais (com recursos da poupança e do FGTS) e rurais.

Em fevereiro, o volume de crédito total atingiu R$ 3 trilhões (46,4% do Produto Interno Bruto-PIB), com queda de 0,2 pp em comparação a janeiro e 1 pp no ano. Com relação aos recursos livres, houve também queda ligeira no saldo, mas no caso de pessoas físicas, a alta foi de 0,2 pp.

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