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Brasileira é estudada após ficar cinco meses infectada com o coronavírus; caso bate recorde mundial



Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que o novo coronavírus pode se manter ativo no organismo de uma pessoa infectada por um longo período. Identificaram também que, ao contrário do que se imaginava, pode ser transmitido mesmo após a segunda semana de infecção.

O estudo acompanhou uma paciente que se manteve com resultado positivo do teste RT-PCR – que aponta a presença do vírus no organismo – durante cinco meses. O resultado surpreendeu os próprios pesquisadores.

De acordo com Teresinha Marta Castineiras, chefe do Departamento de Doenças Infeccionas da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenadora do Centro de Triagem e Diagnóstico da Covid-19 na universidade, o estudo derrubou a tese de que o novo coronavírus perde a capacidade de transmissão após a segunda semana do contágio.

Castineiras explicou que um grupo de pacientes tem sido acompanhado pelos pesquisadores mediante a realização do teste RT-PCR. Mais de 70% deles permaneciam com resultado positivo durante duas semanas após a infecção.

“Ainda a partir do 30º dia, uma parcela que era de mais de 20% se mantinham positivo. E essa paciente em particular [que testou positivo durante cinco meses] nos chamou muita atenção porque ela se manteve positiva por um tempo muito longo”, disse.

Teresinha destacou que, além de acompanhar a persistência do vírus no organismo humano, os pesquisadores se dedicaram a identificar se a pessoa infectada poderia transmitir o vírus mesmo após a segunda semana de contágio. Até então, outras pesquisas sugeriam que o microrganismo perdia sua capacidade de multiplicação, ou seja, que não haveria risco de contágio.

“Essa crença vem do fato de ter sido tão difícil nos experimentos divulgados internacionalmente reproduzir essa replicação in vitro, mas não é o que a gente está encontrando aqui nos experimentos no nosso grupo. Uma parte do nosso estudo mostrou que sim, que o vírus tem capacidade de se replicar [enquanto está presente no organismo, indiferente do período de contágio]”, afirmou.

Na UFRJ, os pesquisadores conseguiram reproduzir, em laboratório, a capacidade de multiplicação do vírus em qualquer período da infecção. A coordenadora do estudo ressaltou, ainda, que a paciente que testou positivo durante cinco meses não é um caso isolado.

“Foi possível reproduzir isso in vitro, em passagem sucessiva de células, não só dessa paciente, que é um exemplo do nosso estudo. Nós temos outros indivíduos que estão sendo acompanhados com as mesmas características”, enfatizou.

Teresinha destacou que ainda há muitas perguntas sobre a infecção pelo novo coronavírus. Uma delas é onde o vírus permanece no organismo dos pacientes que continuam testando positivo por longo período, seja apresentando sintomas leves da Covid-19 ou, até mesmo, assintomáticos, ou seja, sem apresentar qualquer sintoma da doença.

“A gente já tem algumas hipóteses, já que o vírus se multiplica com maior facilidade em determinados tipos de células da linhagem linfocitária [células de defesa do organismo”, apontou.

G1

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